O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse neste sábado (11) não ser aceitável o vazio no comando do Ministério da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) e afirmou ainda que, se o objetivo de manter um militar à frente da Pasta é tirar o protagonismo do governo federal na crise, “o Exército está se associando a esse genocídio”. O Brasil ultrapassou 1,83 milhão de casos confirmados e 71.469 mortes por conta da Covid-19, segundo o boletim deste sábado .
O Ministério da Saúde está sem titular desde a saída de Nelson Teich , em 15 de maio, que ficou menos de um mês no cargo após substituir Luiz Henrique Mandetta. Após a saída de Teich, o número dois da Pasta, general Eduardo Pazuello, passou a responder pelo ministério, sem, no entanto, ser efetivado no comando. A experiência do militar está ligada à área de logística e não à saúde.
Gilmar Mendes fez a crítica quando falou sobre o direito à boa governança. Ele participou de uma live promovida pela revista Isto É no sábado, na qual estavam também Mandetta e o médico Drauzio Varella.
“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Pode se ter estratégia e tática em relação a isso. Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. Não é razoável para o Brasil. É preciso pôr fim a isso”, disse o ministro do STF .
Gilmar Mendes, que disse na live estar em Portugal, citou que o Brasil está com a imagem ruim no exterior. “Acho que, de fato, somos uma das maiores nações do mundo. Vejo aqui em Portugal toda hora notas ruins em relação ao Brasil e em relação ao nosso processo civilizatório. É altamente constrangedor, as pessoas perguntam o que aconteceu com o Brasil”, disse, completando: “Agora, o Brasil é muito mal visto”.